14 DE JULHO NA ROÇA Raul Pompéia - #LerMais







14 DE JULHO NA ROÇA Raul Pompéia (A.G. da S.) 14 de julho é a grande data. Ecoa na história com as mesmas vibrações que deve proferir sobre o mundo a trombeta de Josafá, em plena consumação dos séculos. A Marselhesa é o gemido humano chamado às armas. A queda da Bastilha é o pavoroso esboroamento do passado, batido pelo futuro. A pirâmide da opressão tinha por base o grande cárcere e por vértice a coroa do rei; o povo devasta a pirâmide de alto a baixo; arrasa o alicerce, aniquila o píncaro. Cai a Bastilha, morre Luís XVI. Do cataclisma ergueu-se sangrenta a grande mão do direito humano saciado, e abriu os dedos sobre aquele caos, como as irradiações de uma estrela grandiosa e serena. À luz deste sol, começou a desfilar a procissão dos séculos... Curvado um dia sobre essas páginas épicas da lenda das gerações, inclinado à beira vertiginosa do báratro onde revoluteiam os fantasmas indistintos e medonhos daquele terremoto social, refletindo na humanidade e nos seus destinos, foi assim que o Dr. Salustiano da Cunha descobriu que era republicano. Muito republicano; republicano de coração. De coração e de cérebro. Um homem da época. Na qualidade de Campineiro abastado e farto, tinha por si a força do ouro: o elemento moderno do poderio. No século XIX, mais do que nunca, o ouro é o metal dos cetros e das alavancas: só existe para o mando e para a força... Mais...